terça-feira, 26 de abril de 2011

Amadurecer por completo


Não sei se devo confessar isso, mas muitas vezes quando chego em casa, cansada depois de um dia todo de trabalho e leituras, e depois de tomar banho, coloco músicas em que as crianças cantam. E não há o que explicar, mas aquilo me toca profundamente e me acalma, e eu penso: Pessoas são tão cruéis, tantas e tantas vezes, e crianças em grande maioria são anjos, que abraçam e beijam da forma mais pura.
E eu repito e repito as músicas, só pra ouvir as vozesinhas delas, e algumas até pronunciam algumas palavras erradas. Penso que não há como não gostar de tais anjos. Quando as escuto é como se lembrasse daquela cabana que eu estendia na sala, deitava em baixo e dormia, podia viver dentro daquela cabana, era quente, boa. E é assim que eu me sinto ouvindo as crianças cantarem e cantarem.
Quando estou mais reconfortada, eu gosto de escutá-las rindo, tem algumas risadas que aprecio em especial com um enorme carinho. Penso que depois que amadurecemos perdemos o encanto e diversos momentos de alegria, perdemos a forma de analisarmos o mundo de uma maneira mais pura e crente. Perdemos a noção de tempo do ócio.
Muitas crianças caracterizam as coisas pelo cheiro e pelo tato, e não por aquilo que estão apenas vendo, com faria um adulto. Amadurecer por completo é perder o que há de mais belo no mundo, é perder a esperança de conjunto, é perder o carinho em um abraço e a força que existe agrado.
É muitas vezes não saber nem dar e nem receber tais afetos, apenas se for de mulheres (no caso dos homens) e de homens (no caso das mulheres). Pequenos anjos doces não se preocupam em relações frias e rotineiras, e assim os admiro e admirarei sempre. Amadurecer por completo perde todo o encanto, e por isso, sim ainda faço e farei, ouço aquelas doces vozes cantando, e sinto o cheiro e o tato que bem entender.
Ah, você não faz ideia do que digo? Sinto em lhe dizer, mas não sabe mais sentir o cheiro que tanto falo e aprecio, e por você só tenho pena.

S.Q.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Porém.


Criatura inocente. Sangrando teu veneno através de sua doçura. Vendou-me, seduziu-me, provou-me. Matou-me. Agora me segue até o inferno de seus sonhos, até o paraíso de meus pesadelos. Nós jogamos de sua maneira, não? Suas unhas ainda estão com os músculos de meu coração, coração dilacerado. Arrancou-me.
Sangro a vida que você me deu. Cada pedaço de sua essência eu sangro.
Estou nadando em direção ao nada e do nada volto ao lugar nenhum. Preciso te dizer, mas quais as palavras, não sei. Vejo tua queda. Sadicamente vejo teu desespero. Prazerosamente eu te afogo. Afogo e me delicio nos teus pesadelos.
Mergulha em teus vícios. Aquela que não lhe deixa fechar os olhos. Olhos azuis.
Eu lhe espero na rua mais próxima. Caminha até mim. Leve-se ao inferno que me levou uma vez.
Porém, eu saí viva.

Bee.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sinto falta


Irritabilidade. Vontade de chorar. Bebidas. O querer e o não querer.
Sinto falta, não sei do que, nem do quando, mas sinto algo faltando. Algo dentro de mim, faltando quando acordo e quando vou deitar. Faltando dentro de um abraço, faltando dentro de um beijo, dentro de uma noite. Faltando dentro das coisas que faço e das que deixo de fazer.
Se perdi não sei, não sei ao menos se algum dia tive. Porém, sinto que falta. Uma falta dentro do ser, do estar, do aparecer. Olho as roupas e estas parecem que um dia tive vontade de me arrumar melhor de estar melhor e penso: Por que não mais?
Por que não sei se algum dia realmente estive. A falta na espera. A pobreza do olhar. Se olhar atento em meus olhos, e se assim conseguir, perceberás, se for atento, que ali falta algo. Algo que a dona do olhar mal sabe que falta, mas senti, e sentir é pior do que notar.
Sentir e não ter, e não saber é pior que esperar, esperar pra perceber, e perceber que é tão confuso, que mesmo que tenha, tinha, perdeu.
Tento então de forma simples, tola, procurar. Procuro em meu silencio, procuro em meu espaço, procuro em minha vontade de desaparecer, e na minha vontade de não ser vista. Procuro no vento cortando meu rosto à 80km/h, na dor das minhas mãos depois de muito escrever, na minha dor de cabeça. Procuro em meu banho e em meus amigos.
Não há meio, já percebi.
Sinto falta.

S.Q.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Branco.


O que sinto por você... não consigo descrever.
Apenas sinto.
E me disseram que eu escrevia lindamente quando estava triste.
Pensei em você. Automaticamente, pensei na felicidade.
Foi então que respondi à afirmação:
- Pois, então, que eu nunca mais consiga escrever novamente. Prefiro ter um livro em branco a ter milhares de páginas publicadas e, em nenhuma delas, seu nome aparecer.
Você deixa uma saudade tão doce que a ânsia de esperar o teu retorno me anestesia, e como você, meu amor, sempre me disse: Passa rápido.
Sim. Passa.
E a cada minuto estamos mais próximos e quando, finalmente, estamos juntos, a cada minuto estamos nos despedindo. É um círculo vicioso que não quero largar.
Serei sucinta. E como diria Mario Quintana:
“... eu te amo a perder de vista”.

Bee.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Luzes.


Eu me vi em um Bem-Te-Vi. Me vi bater asas e voar para o nada. Me vi caçando os sonhos e os colocando na terra. Me vi no topo de uma árvore que estava caindo. Vi o Bem e vi o Mal. Eu vi Deus e senti os demônios. Eu vi a chuva desaparecer nas nuvens. Me vi no espelho errado e me vi em minha alma.
Eu já colecionei cruzes e já perdi vontades. Quis viver. Quis morrer. Fui muitas e ainda sou eu. Me vi nos versos de uma canção inacabada, nas estrofes de uma poesia suicída. Me vi no sangue que fugia do meu corpo e já me perdi em minha mente.
Eu perdi minha fé e a encontrei em uma tempestade. Senti os espinhos cravarem minha carne enquanto tentava me encontrar.

Bee.

Perdida


Perdida um dia estive sem acreditar nas pessoas e no que podia sentir. Sem apego, sem carinho, sem doçuras. Amarga. A pessoa doce que havia em mim, tinha se perdido, como se eu tivesse antes três pernas e depois apenas duas, ainda conseguia andar, no entanto, parecia faltar algo em mim.
Aos poucos essa perna pareceu voltar, e como algo novo, ou algo que retorna do início, me incomodava profundamente. E me lembrar novamente, foi mais difícil do que me esquecer.
Contribuições tive, tanto no me esquecer quanto ao me lembrar. Boas ou más, não sou sábia e nem pretendo ter tanta petulância para julgar. Apenas estavam ali e contribuíram.
Hoje, com minha terceira perna novamente, penso que sem tal perda não seria o que sou, mais do que era antes, e também menos em outros tantos aspectos. Não valorizaria tais distinções.
Isso eu apelido de amadurecer, sim apelido, quem sou eu para nomear? Perder-se para encontrar-se. Alguns descobriram tais aspectos em amores entorpecentes , outros tantos em bocas amargas, outros em olhos faceiros, alguns mais em discussões ardentes, ou de milhares de formas derivadas. Eu descobri em beijos, em máscaras, em dizeres mal ditos, em opiniões mal desejosas, em amizades mal feitas e em milhares de faces.
Desejosa do bem, agradeço saber distinguir o que me afeta ou o que me consome, o que me enaltece ou o que me diverte, o que me libera ou o que me prende. Aprendi a sentir e talvez hoje digo que meu último pedaço que faltava foi completamente recuperado por você.

S.Q.